“Meu nome é Demerval de Silva. Minha história é a seguinte, foi uma fraqueza da minha parte, um certo vício, acabei me perdendo no álcool, e acabei perdendo a família. Passei por muitos trabalhos, sou bastante recomendado pelos patrões, mas eu tive essa fraqueza aí, e hoje eu tô pagando esse preço aí, de tá na rua. Trabalhei de tudo já, mas meu forte mesmo é Jardinagem, sempre gostei de trabalharcom jardins. Tive várias oportunidades com madames que deixavam a chave do ateliê comigo, com toda confiança. Se eu fosse pedir emprego pra elas é certeza que elas me daria. O que me derrubou mesmo é o álcool. As vezes com minha família, eu bebia exageradamente, pensava que podia tudo, ficava valente, mas acabei perdendo a família. Eu tenho referências boas de emprego. Nesse trabalho que vocês tão fazendo aí, as pessoas vão ver e dizer que me conhecem, e sabem que não sou mala. A pior coisa que aconteceu foi a gente ter saído do sítio e vir morar aqui na capital. Tive uma mina que era trabalhadeira, corria do meu lado. Ela cortava lenha, eu trabalhando dum lado e ela do outro, e trabalhava fora ainda, todas patroa gostava dela, muito comunicativa, sem palavras. Tive a oportunidade de falar com ela, mas a cachaça não deixou. Trombei o pessoal dela, ela tem uma família perto da Vila Zilda, Cemitério Parque dos Pinheiros, conheci o gurizinho que nasceu da filha dela. Através dela eu conheci toda a família dela. Deus me deu uma família, mas eu chutei o bagui fora. Ela era uma guerreira que corre lado a lado, sabe aquela que constrói o castelo do alicerce até a bandeira? O nome dela é Maria da Conceição Almeida Alves, está na Bahia hoje, em Jequié. O sonho que eu quero realizar é o seguinte: sou conhecedor da palavra de Deus, e eu quero voltar aos pés dele, sou pecador mas ele vai me aceitar e perdoar todos meus pecados. Você que tá lendo a minha história, muito obrigado pela atenção e seja feliz, porque a gente é feliz.”
JP – SÃO PAULO – AGOSTO DE 2015
