“Meu nome é Francisco Pereira da Silva, tenho 75 anos. Eu tô aqui em Londrina mas não sou daqui, sou de Minas Gerais, Governador Valadares. E vim aqui, casei por aqui, o que eu tenho hoje conquistei junto com minha mulher. Conheço Londrina desde 63, mas eu tô fixo tá com 13 ano agora. Comprei um terreno, fiz uma casinha e tô morando aqui. Morei em Porecatu uns 28 anos, criei minha família lá. Trabalhei na usina central do Paraná muito tempo, trabalhei em supermercado, trabalhei de lubrificador de maquinário de cortar cana, tudo isso eu já fiz. A gente trabalhava em roça, café, mexi muito em fazenda com gado, fui criando os filhos, na época saiu aquele negócio de sindicato, que fazendeiro não deixava mais criar as coisas, aí eu peguei, abandonei a lavoura e fui pra cidade. Trabalhei muitas vezes de segurança. Passei muita situação, em firma, cuidando de barracão a noite. Os caras foi pra roubar um barracão que tinha uma caixa de dinheiro lá, eles ficaram sabendo e foi lá, mas tinha duas polícia aposentada, eles atiraram lá mas ele foram embora. Fiquei de refém de um no fundo de um barracão, com a pistola no peito, e os outros três foi lá no outro barracão, mas as polícia começou dar uns tiro e aí eles foi embora. Quando acontece uma coisa dessa você tem que entregar pra Deus e guentar ali né, não sabe se vai ser morto ou não vai. Tenho 5 filhos, 4 mulher e 1 homem. O sonho que se eu pudesse era ter uma chacrinha boa, assim pra eu criar meus porco, uma galinha, uma vaquinha, plantar meus mantimentos. A mensagem que eu deixo é que tem que insistir até o último, tem que pedir pra Deus e lutar, porque trabalhando é que vence, é que consegue o que quer.”
JP – LONDRINA – SETEMBRO DE 2015
