“Ok, meu nome de batismo é Fabio José de Oliveira, eu tô assumindo o nome artístico de Olifa Ollon, tenho 40 anos e sou londrinense nato. Ator profissional e cozinheiro profissional também. A gente tem que ser realista, no Brasil só com as temporadas teatrais você não consegue pagar suas contas. Trabalho tem, mas não tem o que todo o trabalhador quer com seu trabalho, o reconhecimento financeiro. Tem muita gente que acha que artista gosta só de aplauso. Artista gosta mais de pagar conta. A primeira peça adulta que eu vi foi na época que o Filo ainda era a Amostra de Teatro Universitário de Londrina. A peça era o Ideograma da Obsessão, do Paulo de Moraes, da ‘Cia. Armazem’, que era ainda ‘Cia Bombom Pra Quem Tem Pauzinho Com Pirulito Pra Se Chupar’. Eu tinha 13 ou 14 anos, e foi ali que me deu o estalo. Entrei na primeira turma de Artes Cênicas da UEL em 1998, mas me formei com a terceira, em 2004, porque eu quis. Durante a faculdade fiz parte de um grupo que o Paulo Braz do FILO dirigia, chamava Mezanino, a gente fazia uma pesquisa em pernas de pau. O Mezanino, com outros dois grupos, fundou em 2000 a Usina Cultural, que é um espaço que existe até hoje. Em 2009, eu fui pra São Paulo me jogar lá, morei no Embu das Artes. Lá tem todo um movimento cultural, não é só ‘hippie’ e artesanato como as pessoas pensam, tem os jesuítas e sua musica, o pessoal da Cia. de Palhaços Trovadores, o Teatro Popular Solano Trindade, o Rap. Fiquei em São Paulo, fui pra Paraty, participei de uns rolês na Flip, mas acabei voltando pra Londrina. Aqui eu voltei pra cozinha. Acho que sempre fui muito romântico, idealista, e demorou um tempo pra eu entender o que é ser artista no Brasil. Eu digo pra quem é jovem e quer ser ator: vai fazer teatro, vai encarar a produção, depois faz faculdade de cênicas. Tem muito espaço pra você ser artista no Brasil, só que é difícil, em qualquer linguagem. Se você quer ser autoral, você vai ter que ser igual mineiro com uma picareta, um balde, batendo na rocha, e aí se você achar um veio de ouro, você além disso vai ter que ter o skill pra transformar aquele ouro numa barra e jogar no mercado. Eu pessoalmente fiquei muitos anos perdido como artista. O que eu quero agora é trabalhar, me entender como artista brasileiro. Atualmente eu tô ensaiando uma peça com o Teatro Kaos, inspirada no texto de ‘Esperando Godot’ do Samuel Beckett. Também desenvolvo um projeto de comédia em pé, chamado ‘Humor de Quinta’, em parceria com o Link da Comedia. E faço um programa na AlmA Londrina Rádio Web, o ‘Anatomia Musical’, estamos encerrando o projeto ‘Astronauta do Sonhos’, que é um consórcio entre a Trupe do Papi Produtora e o Núcleo de Teatro Curumim. 2016 estará cheio de novidades.”

JP – LONDRINA – AGOSTO DE 2015

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