“Meu nome é Damiano Emanoel Pinto Guedes, não sei minha idade.
Sempre fui de São Paulo, eu tô na rua fui já faz um tempo, perdi meu pai, perdi minha mãe. As dificuldades que passo aqui é frio, é fome, roubar eu não roubo não, roubei quando era de menor, mas agora não roubo não.
Eu peço nas casas para sobreviver. Hoje mesmo uma moça veio e me deu 2 reais sem eu pedir pra ela. Queria muito ver meu pai, mas ele já foi né, faz 1 ano e meio que ele se foi, ele morava no Jabaquara. A lembrança que mais me marcou é do meu trabalho que eu tinha, mas meu patrão me mandou embora, simplesmente me dispensou. Eu trabalhava na sacaria, carregava saco de batata, cebola, alho. O maior arrependimento que tenho é de ter matado um cavalo, eu não na verdade, ele foi atravessar um lugar lá e caiu num buraco, aí não teve jeito de salvar. Aqui nas ruas também vi uma pessoa sendo atropelada, o carro foi embora e não ajudou. Fui atropelado também, olha aqui minha perna, colocou até pino, fiquei 1 ano e meio internado na Santa Casa.
O que eu quero um dia é arrumar um trabalho, outra vida né, porque aqui na rua não dá futuro pra ninguém não, tenho vontade de sair daqui.”

JP – SÃO PAULO – AGOSTO DE 2015

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