Passagem rápida pela capital paranaense. Janeiro de 2016. Típica manhã fria, aproximadamente 17 graus. Circunstância que não impediu de conhecer Sidval.Vida difícil, claro. Apesar das dificuldades, jamais perdeu as esperanças. Sabedoria. Palavra chave desta conversa.
“Pra mim não é bom. Eu fico quietinho num canto. Ando toda vida sozinho. Hoje tá fazendo 33 dias que eu não durmo. Nesses 33 dias, eu sai de casa porque eles mataram minha mulher. Estupraram ela. Deram oito facadas nela. A polícia não achou quem. Minha esposa se chamava Sebastiana Rosa, mas a gente chamava ela de Tânia né. Daí desses dia pra cá, ontem fechou com 17 mortes da família. Mataram tudo. Minha família inteira. Os motivo não tem. A maioria tudo crente né. Só sobrou eu. Minha profissão é pedreiro. A principal dificuldade é o frio mesmo. Em 33 dias eu tomei nove banhos. Lugar pra dormir não tem. Hoje tá fazendo nove dias, a primeira refeição em nove dias. Meu nome é Sidval do Carmo Moreira Alves. Eu nasci em Castro. Tô com 52 anos. Olha, o meu sonho é prestar serviço a Deus. Perdi tudo a família. Já subi duas vezes lá em cima pra conversar com Deus. Tô te falando de verdade, de coração mesmo. Ele falou que eu tenho que permanecer aqui mais 22 anos ainda. Eu tô com 52. Eu subi mesmo. Eu vi lá. Não subi pra Jesus. Jesus tá aqui nas primeiras nuvens aqui. Eu passei as primeiras e fui lá em cima. Meu relacionamento com meus filhos era bom. Eu dei tudo que eu não tive pra eles. Eu não tenho estudo. Eu repeti o primeiro ano do estudo. Fiquei cinco anos repetindo o primeiro ano. A professora passou eu pro segundo de tanto enjoar porque fiquei cinco anos com a mesma professora. Depois que ela me passou, daquele dia em diante eu sai de casa, sai pra trabalhar. Não tenho estudo nenhum. Mas eu pego a Bíblia e leio ela inteirinha. A mensagem que eu deixo é: usem a sabedoria.”
JP – CURITIBA – JANEIRO DE 2016