“A minha profissão era pedreiro, sabe?! Ai fiquei diabético e tive alguns problemas, até fiz uma cirurgia no pé, ai não consegui mais exercer a profissão. Aí eu não tinha para onde correr, vim cuidar de carro e olha que eu gostei da brincadeira, viu?! Meu nome é Pedro Cabral de Souza e sou de 1957, 25 de junho, mês seis.
Olha, tem uns que desfaz da gente, nem fala obrigado, mas outros já reconhecem, dão uns trocos bons para a gente, agradece e eu agradeço mais ainda. Eles perguntam: quanto você cobra? Eu não cobro nada, vai do coração da pessoa. Não tem cabimento eu cobrar um estacionamento de rua, como eu posso cobrar? Então eu digo que a pessoa que escolhe, se quiser dar, eu agradeço muito, vai do coração de cada um. E se não me der nada, eu também vou cuidar do carro de qualquer jeito. E faça chuva, faça sol, sereno e tudo, todo dia estou aqui, de terça a domingo. Fazem três meses trabalhando aqui no Quebec, fico cuidando dos carros, como eu não podia ser mais pedreiro, eu vim para cá. O jeito é caçar um jeito de ganhar dinheiro honestamente.
Teve um dia que riscaram um carro aqui, eu vi ele riscando, ai bati o farolete nele e o cara saiu sem graça. Anotei a placa. Ai descobri que era um ex-marido da dona do carro, sou testemunha. Isso ai é uma pilantragem que o moço fez. Foi a única coisa de ruim que aconteceu aqui.
O único sonho que eu tenho na vida é de ter minha casa e eu não perco a esperança de ter meu cantinho para morar. Sou pai de seis filhos, três meninos e ter meninas e eu não quero ficar dependendo deles. Então, meu único sonho é ter meu espacinho.”

 

 

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