“Meu nome completo é Robert Dias Pereira da Silva. Eu vivo catando latinha e reciclado, olha meu carrinho lá, e assim vai né. Cato latinha, cobre, e vou rodando, seguindo pra frente. Só junto bastante quando eu vou daqui na ‘Asa Sul’ e volto, lá perto da universal, aí eu consigo voltar com esse carro cheio. Quando tá bom mesmo dá pra tirar uns 400 real, trezentos. Nasci lá no Gama [Bairro de Brasília]. Eu dormia embaixo da ponte, sempre passava carro, dava comida, dava roupa, dava coberta, aí teve uma vez que eu deitei lá e tava mó friozão, quando eu deitei e tava querendo fechar os olhos parou um carro, daqueles tipo importado sabe, o cara abriu o vidro e me chamou, pensei que ia me dar alguma sopa sabe, aí ele me deu um envelope, a hora que eu abri o envelope o carro saiu, só tinha nota de 50 real, fiquei doido. Eu falei, não vou ficar com esse dinheiro todo não, pode ser roubado sei lá. Fui no meu mocó e enterrei. Tirei um pouco e fiquei andando só com 250 real, fui gastando até acabar. Outra vez, eu tava passando ali perto do metrô, tem um negócio de caixa de tirar dinheiro né, aí tinha um guarda lá perto, ele ia reclamar comigo se eu mexer, tinha um cara lá apertando e saindo dinheiro, eu fui lá pra ver se sai mais, apertei e não saiu, aí sai andando. No corredor da galeria chegou outro homem e me deu outro envelope, a hora que abri, só nota de 50 de novo. Aí eu guardei, fui pra minha casa, fiquei lá uns tempo, gastei lá um pouco depois voltei pra rua de novo. Sonho? Meu sonho era ter uma mulher, uma casa boa, sair da rua.”

JP – BRASÍLIA – AGOSTO DE 2015

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