“Meu nome é Antônio Siqueira, tenho 51 anos. Eu moro ali perto do Jaboti. É muita coisa que a gente passa na vida. Vou para igreja e volto. Luta? Quando eu era pequeno, eu não tinha nem o que vestir, trabalhava na roça, no meio do capim, não tinha roupa, nem comida, nada. Tinha que pedir para os outros ajudar a gente. Sempre morei aqui em Apucarana, mas eu vim de Minas Gerais e fui terminar de nascer aqui. Sempre morei na casa do meu pai, que hoje está meio doente, minha mãe já morreu. Sempre trabalhei, né?! Para comprar as coisas para comer. Eu não tenho sonho, rico ou pobre, tanto faz. Sou eu, meus amigos e Deus, inimigo eu nunca tive. O pessoal daqui me ajuda bem, me dá um real, dois reais, é assim, eles ajudam a gente. Tem uns que não ajudam muito, as vezes dão, as vezes não. Eu lembro que quando eu era pequeno, meu pai me judiava, botava eu pra fora da casa, pisava no pescoço, me chutava. Eu pegava água para dar para os animais dele e ele me chutava sempre, eu tinha uns 10 anos de idade. Hoje ele tá mais…levando né?! Ele tá melhor. Ele não me ajuda muito, eu que ajudo ele. Mas quem tem que perdoar ele não sou eu, é Deus. Eu vou cuidar dele até no final, ele tem 74 anos. Eu cuidei da minha mãe também, dava remédio, dava banho. Ela tinha colesterol, pressão alta, diabetes, ai deu quatro derrames nela e ela morreu, já faz três anos. A gente sofre, né?! Mas Jesus sofreu por nós. Todos nós temos pecado. Sinto falta da minha mãe, se ela estivesse aqui hoje eu estaria cuidando dela, ficando com ela. A gente precisa de ajuda, de uns trocados para comer, comprar uma roupa, um calçado, cortar o cabelo, é isso que eu preciso.”

JP – APUCARANA – AGOSTO DE 2015

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