“Meu sonho é ganhar esse terreno e levantar uma casa com material bom pra ficar aqui na comunidade. Eu tô desde o começo [da ocupação], já faz uns dois anos. Era cruel, tudo sem água, sem luz, e com data pra carpir. Mas seis meses depois começou a normalizar, aparecer bastante casa… Aí hoje tá assim, comunidade sossegada, né? E vâmo pra luta. Meu nome é Antônio Alves de Oliveira Neto. Nasci no [distrito de] Paiquerê e tenho cinquenta anos, os cinquenta em Londrina. Meu pai teve um açougue em Paiquerê, fiquei até os seis anos lá. Hoje tomo conta de três lojas, duas em Tamarana, uma em Ibaiti. Também sou empregado em confecção. Antes disso eu era padeiro e confeiteiro, fiquei 25 anos nesse serviço, em padarias diversas, passei por cinco ou seis. A comunidade toda conhece meu pão, no começo eu fazia muito pão caseiro pra vender. É bacana morar aqui, é tipo uma família grande, todo mundo conhece todo mundo. Já morei nos Cinco Conjuntos, no Centro de Londrina, não se compara com aqui, é uma comunidade unida, sossegada. E hoje ainda sou vizinho da minha irmã, a gente sempre morava mais distante… Criar minhas filhas foi meu maior orgulho. Tenho uma de 17, que tá fazendo cursinho e tudo, e outra de 15, que também tá estudando. A mais velha quer mexer com administração. Quem sabe mais pra frente ela pode abrir uma confeitaria aqui pra mim, né?”

O assentamento Nossa Senhora Aparecida, localizado no Jardim São Jorge, Zona Norte de Londrina, é o lar de centenas de famílias. Em janeiro de 2014, o Antônio foi um dos pioneiros na ocupação do terreno, improdutivo, beneficiado pela especulação imobiliária, que hoje pode enfim ser chamado de ‘comunidade’.

JP – LONDRINA – JANEIRO DE 2016 

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