“Antonio Fernandes do Nascimento. 54 anos. Sou de Governador Valadares, Estado de Minas Gerais. Tô na capital paulista já faz muito, já tem uns 30 anos. Meu serviço é esse, eu tenho minha carroça. Faço reciclagem. Quando trabalha dá dinheiro, quando não trabalha não dá! É mais ou menos assim, vâmo jogar a verdade certa, no meio do mundo… Sessenta real por dia. Não adianta falar que é menos ou mais. Se tiver trabaiando é isso. Cansa, é correria, menino. Cês me achou numa hora certa. A coisa que eu achei mais doida na rua? Ah, eu não sei explicar. Já vi sim, mas não posso te contar. Sou velhão, solteirão. Mas tenho uma filha, já tem dez anos que eu tô distante dela. Ela mora em São José do Rio Preto. Lá eu tenho tudo, tenho casa, tenho mulher. É o destino, nêgo, é a vida meio cabulosa. Eu voltaria. Tenho minha nêga, tenho minha filha, uma moleca ligeira. Não sei quem é ela mais, mas quem eu gosto é dela. Não gosto de mais ninguém. Você me acha na [Avenida] Pedroso de Morais, tô aqui há oito anos. Eu não realizei nada, não tenho riqueza, eu moro no meio da rua, sô, eu preciso de coisa boa. Eu não tenho conserto, sô. Eu falei a verdade.”

JP – SÃO PAULO

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