“A luta me ensinou muita coisa e é o que tenho hoje. Se eu tenho casa, carro, o alimento da minha filha, tudo vem da luta. Se eu prego pros meus alunos disciplina, autocontrole, autoconfiança, um estilo de vida, sigo isso dentro da minha casa também. Meu nome é Guilherme Belarmino, sou natural de Apucarana, tenho 33 anos. Pratico muay thai, boxe e kickboxing desde 2000. Sou atleta e professor. Antigamente eu era professor e nas horas vagas atleta. Tenho formação de administração na parte de gestão de vendas. Abandonei um emprego de dez anos, em lavanderia industrial, pra tá focado e dedicado em ser lutador. Engordei, fui casar barrigudão, falei ‘não é isso o que eu quero’. Voltei a treinar, baixar peso, lutei acima de cem quilos, fui pra 91, até 81, 75, 71, que é onde eu parei. Menos que isso não é o meu objetivo hoje. De 2000 a 2004 competi em cinco ou seis lutas de boxe, em 2006 fui pro muay thai, e desde então eu venho competindo. Sou cinco vezes campeão paranaense, já fui campeão brasileiro, duas vezes campeão da Copa do Brasil, campeão e vice sul-americano, campeão e vice pan-americano, campeão dos Jogos Abertos. Mas pra mim o mais importante foi um oitavo lugar no Mundial da Sérvia no ano passado. Competi com outros 20 atletas, não é qualquer um que se inscreve, tem que ser o representante do país… Não só a luta em si foi importante, mas o entorno dela, as pessoas que me ajudaram, gente que eu não conhecia e me deu oportunidade, os meus alunos, que foram meus patrocinadores… Fizeram tudo pra eu conseguir chegar lá. Na primeira luta ganhei de um cara da Eslováquia que era considerado um dos cinco melhores do mundo, e ele entrou achando que eu era um qualquer. Mostrei que aqui é a mão dura do Brasil! No outro dia lutei com um de Montenegro, que abriu meu supercílio esquerdo. Por intervenções médicas acabei não passando pra fase seguinte. Em contrapartida, ele também não foi adiante, porque fraturou o pé. Desci do ringue pra dar ponto e ele desceu do ringue pra fazer uma saturação, o dedo tava exposto. Não posso falar que sou perfeito, mas tento fazer do meu estilo a arte marcial. O respeito, a perseverança, as filosofias da arte marcial.”

JP – LONDRINA – JANEIRO DE 2016

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