“Mauro Soares Cardoso, mais conhecido como ‘Frango’. Tenho 45 anos. Sou daqui de Curitiba. Moro na rua há 15 anos. O motivo foi quando perdi minha família. Minha mãe e meu pai. Morreram de câncer, os dois. A dificuldade é a gente dormir, descansar e arrumar alguma coisa pra gente se alimentar né? Só que a gente é alcoólatra, aí a gente fica bebendo né? Arruma um dinheirinho e vai comprar cachaça pra passar o dia normal. Tem bastante pessoa que ajuda a gente. Dia de frio a assistente social passa. Tenta levar pro abrigo, mas a gente não vai. A gente é teimoso. Eu trabalho no movimento população de rua. Eu ajudo sempre os irmãos. O que eu puder fazer por eles eu faço. Sou azulejista, pedreiro. Trabalhava bem. Só que daí quando minha família Deus levou, eu caí na cachaça né, vim pra rua. Tenho cinco irmão. Tenho quatro filho. Abandonei tudo e vim pra rua. Eu tô querendo voltar. Só que eu tô com problema na minhas perna. Só que eu vo tenta melhorar e voltar pra vida. Eu tô indo me interna agora. Essa semana tô indo me interna. O encarregado do movimento população de rua veio aqui conversa comigo. Ele tá arrumando internamento pra mim aí eu vô me interna e vou viver minha vida daí. Eu sei que ele vai me ajudar. Ele nunca me deixou na mão. O sonho meu sabe o que é? Ver minhas filha bem criada. Ver as criança bem adotada. Com certeza minha mulher cuidou da minhas filha. Quando eu saí de casa eu deixei tudo. Saí só com a roupa do corpo. Só que minha mulher trabalha. Sustenta minhas criança. Nunca pediu um centavo pra mim. Mas eu sempre ajudei. Por isso que eu tô voltando a querer trabalhar. Por isso que eu vou me internar agora. Ficar uns 2 ou 3 meses internado. Eu vou voltar pro movimento população de rua. Daí assim, eu vou entrar valendo. Eu quero parar com a cachaça. Ajudar o máximo de pessoas possível. Principalmente esses piá aí, morador de rua.”

JP – CURITIBA – OUTUBRO DE 2015

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