“Eu já tô com dois anos aqui. Eu fui pra Marília. Depois voltei de novo. Porque aqui é melhor. Lá não tem abrigo. Se eu tivesse documento eu arrumava serviço mais fácil, né? Registrei só o B.O. Sou João Carlos Soares de Araújo. Eu cato minhas latinhas pra ganhar uns troquinhos. Eu durmo na Higienópolis. Lá num posto. Na rua, ninguém é bom. Mas à noite, qualquer coisa que tiver os caras quer roubar da gente. Esses dias perdi minha mochila. Agora tô sem mochila. É doído. Esses dias fez frio né? Tenho uma blusinha que uma mulher me deu. Meu serviço é geral. Eu procurava fazenda pra trabalhar. Eu mecho com gado também. Mas na rua tem muita gente assim. Tô com 54. Tenho um rapaz só. Mora em Tapejara. [Qual seu sonho?] Ter uma casinha e trabalhar. Ter meu dinheirinho. É o que eu penso né? Só que a gente sem dinheiro como vai arrumar uma casinha? Não estudei. Estudei só o primeiro ano. Meu pai morava na roça. Comecei trabalhar com 7 anos.”

JP – LONDRINA – MAIO DE 2016

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