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Jovens que sonham com a aprovação em medicina

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Repórter Gabrieli Chanthe e Fernanda Lima

Seis anos de curso, jaleco branco, consultas, cirurgias: vidas em jogo. Esse é o futuro pelo qual as londrinenses Fernanda e Jackeline anseiam, a medicina. Fernanda Lima de Souza, 18 anos, 2° ano consecutivo disputando por uma vaga. Jackeline Azevedo, 20 anos, já prestou quatro vestibulares e não obteve a aprovação.

As duas buscam por uma vaga na Universidade Estadual de Londrina (UEL), que segundo o ranking QS University Latin America é a melhor universidade estadual do Paraná e a quinta melhor universidade Estadual do Brasil. No curso de medicina, em 2017, o vestibular da UEL contou com 6.370 candidatos para 80 vagas. Para se destacarem nessa grande concorrência, as jovens enfrentam uma intensa rotina.

São 5:50 da manhã e Fernanda está atrasada, ofegante ela conta o motivo da sua pressa enquanto caminha rumo ao ponto de ônibus “Eu não posso chegar depois do horário, fico com pontos negativos e minha chance de conseguir um trabalho diminui” eles, a qual Fernanda se refere, é o curso profissionalizante que ela frequenta, afim de receber uma preparação para ser encaminhada ao trabalho. ”Na minha casa vivemos apenas com o salário da minha mãe, que é doméstica, dá para sobreviver, mas eu preciso ajudar”.

A gerente de projetos do curso profissionalizante, Marcia Gonçalves fala a respeito de Fernanda “Ela é muito dedicada, entende a importância do ensino superior e também da independência financeira, nunca faltou, tem sido uma menina exemplar”. Na sala de aula, lemos frases de incentivo aos alunos, como: “Vocês são um produto e precisam vende-lo da maneira mais atraente possível”.

“Estou cansada, tive aula a manhã toda e agora de tarde tive o aprofundamento, vou para casa estudar mais um pouquinho e depois ir para a academia” esse é o cotidiano de Jackeline que tem de 5 até 10 horas aulas por dia durante a semana. Filha de produtora rural e de um advogado, a estudante conta as vantagens de ser sustentada pelos pais “Bom, eu acordo e minha preocupação é organizar quais matérias irei estudar, o que vou fazer no meu dia, confesso que é muito bom não ter que me preocupar com um trabalho”

Quanto a preparação para o vestibular, Fernanda conseguiu ingressar no cursinho comunitário oferecido pela UEL, e estuda no período vespertino e Jackeline frequenta um cursinho particular da cidade. Apesar de ambos serem bons e terem um alto índice de aprovação, a estrutura que Jackeline recebe é muito maior, segundo a estudante ela tem aulas aos sábados, simulados no domingo e conta com monitorias particulares.

No decorrer do dia de Fernanda, ela utiliza 8 ônibus, passando assim 3 horas no transporte público, “Eu fico bem cansada, é um tempo que eu poderia estar estudando, mas por conta da necessidade não posso”. A jovem relata também que já foi assaltada 3 vezes no trajeto que percorre.

Jackeline diz se sentir privilegiada por não precisar enfrentar tais situações, mas para ela o mais difícil é lidar com as 4 reprovações consecutivas. “Doí sabe, você dedica seu ano inteiro para esse objetivo, pra depois fecharem a porta na sua cara e ter que recomeçar tudo novamente”.

Perante os obstáculos que encaram, surge a curiosidade “Porque não escolher outra profissão? a resposta de Fernanda saí junto a um sorriso contagiante “Porque eu acredito que é a profissão que nos escolhe, é o meu sonho, é isso que me motiva, poder ajudar as pessoas” a de Jackeline não é muito diferente “ Desde pequena eu dizia que queria ser ambulância, é algo que eu quero por amor”.

As mães, participam ativamente nesse processo e são a maior inspiração das jovens. Amália Azevedo, mãe de Jackeline fala com muito orgulho sobre a filha, diz acreditar no potencial dela. Suely Maria, mãe da Fernanda diz a respeito da sua expectativa “Eu quero que a Fernanda tenha amor no que ela faz, que ela ame o ser humano e trate o ser humano bem, porque é disso que o mundo precisa”.

O vestibular da UEL de 2018, acontece no dia 21 de outubro, e enquanto as jovens se preparam para a tão esperada prova, fica o questionamento: será que as possibilidades de aprovação são iguais para Fernanda e Jackeline?

(O Jornalismo Periférico acompanhou as estudantes por uma semana e você pode conferir essa história com mais detalhes, amanhã no canal do Youtube do Periférico às 11:00. Não perca, indique para um amigo e inscreva-se.)

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