O assentamento Contestado, na Lapa (PR), comemora 20 anos com uma grande festa da colheita, neste sábado (22). A festa terá um ato ecumênico, almoço com churrasco, apresentações culturais, fogueira e baile. O evento também marcará a inauguração do Centro Cultural Casarão, com participação do grupo Mandicuera de Fandango Caiçara e com exposição de fotografia “Olhar ancestral: memória e cultura quilombola”, da fotógrafa Izabelle Neri Vicentini.
A área da comunidade tem três mil hectares, e está localizada a 70 quilômetros de Curitiba, capital do Paraná. É uma área rural que conjuga produção diversificada e preservação da mata. Atualmente, 160 famílias moram na área, sendo 108 assentadas e outras 52 que compartilham o espaço, entre filhos e parentes dos assentados.
O assentamento é sede da Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), e também de um colégio estadual, uma escola municipal, uma creche (chamada pelos assentados de Ciranda Infantil), uma Unidade Básica de Saúde.
Produção sem agrotóxico
Quando o assunto é produção, a comunidade é reconhecida como referência em produção agroecológica. A cooperativa Terra Livre, criada pelo assentamento, organiza e escoa a produção de 210 sócios – agricultores da própria comunidade e também de Campo Largo, Lapa, Antônio Olinto, São Mateus do Sul, Palmeira, Teixeira Soares e Antonina. Toda semana são entregues 8 toneladas de verduras, frutas, legumes e temperos agroecológicos em 104 escolas, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Antes de servir como território de vida e moradia para mais de 530 pessoas, a área estava improdutiva e acumulava dívidas com a União. As terras foram desapropriadas e destinadas à reforma agrária em 1999, após terem sido ocupadas por famílias integrantes do MST.
Dos 3228 hectares a área total, 1.240 são de áreas de proteção ambiental – como reserva legal ou preservação permanente. Todo o território integra os limites da Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana.
Histórico da área
Em fevereiro de 1999, no período de repressão do Governo Jaime Lerner, 40 famílias ocuparam a área que pertencia a Incepa. A empresa de Cerâmica acumulava dívidas trabalhista com a União. Como forma de abater os débitos com o Estado, a área foi destinada para a reforma agrária.
No período monárquico, essas terras foram pertencentes ao Barão dos Campos Gerais, além de ser um grande proprietário de terras da região matinha pessoas negras escravizadas nas suas terras. Na antiga casa do barão e sua família, será inaugurado o Centro Cultural Casarão, espaço dentro do assentamento destinado ao âmbito cultura.
O assentamento tornou-se oposto do histórico da área. Hoje é caracterizado pela sua diversidade. Além da produção agroecologia traço marcante do assentamento é possível ainda ter acesso a saúde popular com tratamentos homeopáticos, benzedeiras, escolas que atendem as crianças até o nível superior e o centro cultural com diversas atividades culturais e artísticas.
Por Redação
Fotos: Divulgação