No último domingo (19), em Castro, o Acampamento Maria Rosa do Contestado do MST realizou a primeira Feira da Semente Crioula da cidade. O encontro também foi de festa em comemoração aos três anos da ocupação da área e de produção agroecológica.

“A gente se organizou por grupos de família, e cada grupo doou sua contribuição. Era a maionese, o arroz, o seu trabalho. Os jovens ornamentaram, os homens assaram a carne, os produtores venderam, todo mundo ajudou”, contou Dona Iraci, moradora da comunidade.
A festa começou de manhã com uma mística, que trouxe o debate da produção orgânica, e o contexto histórico da luta pela reforma agrária no município e a preservação das sementes crioulas, onde membros de diferentes entidades expuseram sua luta e atuação pela preservação da semente.

Célio Meira, integrante do MST e da coordenação do acampamento, contou que a organização da festa foi uma batalha política na cidade.

“Contamos com entidades pública da cidade para ajudar no projeto da festa, mas percebemos que não os interessavam. Castro é uma cidade conhecida pela atuação do Agronegócio, e a produção agroecológica contrapõe os interesses econômicos do mercado agropecuário local”, contou Célio Meira.

Em 2018, Castro comemora 240 anos e é expressiva na atividade agropecuária, com muitos produtores de grãos, sendo ainda avançada na maquinação e uso de novas tecnologias no âmbito rural.

“Para nós, essa cultura de uso de veneno nas plantações, a transgenia  e a monocultura em si, vão contra nossos princípios de respeitar o meio ambiente e cuidar da saúde humana. Não é à toa que só nós, do MST, tivemos a iniciativa de criar essa proposta de feira agroecológica. Essa festa foi um ganho quando falamos em expor uma nova proposta à população castrense e a toda região, proposta essa que respeita a saúde humana, produz alimentos saudáveis de forma comunitária”, afirmou o agricultor.

Além do debate pela manhã, o dia possibilitou um grande almoço, brincadeiras para crianças, bingo, música e principalmente a Feira de Sementes Crioulas, que contou com 12 entidades expositoras. A estimativa é de que mais de 800 pessoas tenham circulado pela feira e participado da festa.

Contexto da ocupação
A ocupação da área aconteceu em 24 de agosto de 2015, onde cerca de 150 famílias do Sem Terra entraram na fazenda Capão do Cipó, de propriedade da União, mas que na época estava sendo utilizada ilegalmente pela Fundação ABC, uma empresa de pesquisas filiada as cooperativas Castrolanda, Arapoti e Batavo.

Desde abril de 2014 havia um pedido de reintegração de posse contra a fundação ABC, com multa diária de R$ 20 mil.

Mas, somente após a ocupação da área pelo MST, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) declarou interesse social para fins de reforma agrária, com o projeto de transformar as terras em assentamento, com referência na produção agroecológica e familiar.

Por Redação Jornalismo Periférico

Fotos: Marcondes

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