“Meu nome é Manoel Rodrigo de Andrade, completei 72 anos, tô passando pra 73. Vendo churrasqueiras aqui há uns 12 anos. Mas eu trabalho de segunda a sexta lá no terminalzão, trabalho vendendo pão. Lá do lado do museu. Pão que eu fabrico na minha casa. Tem muita dificuldade, ponho a culpa só nessa crise, nem culpo a Dilma, culpado é aqueles Deputado e Senador, que atrapalha ela. Tá com uns 4 domingo que não vendo nada aqui [Feira do cincão]. Sou casado, tô com 47 anos de casado, já criei 5 filhos. Sou uma pessoa que já possui muito capital, até hoje tenho casa dentro de Campo Mourão, que meu finado pai deixou. Tenho dentro da cidade de Araruna, sou dali. Fui inventar de ir de 100 alqueires pra 300, 400. Fui mesmo, lá em Rondônia sabe, mas caí do cavalo. Pra café a terra não prestava, mas daí eu pensei em formar uma vacada. Tenho um padrinho de casamento que dentro do Estado de Minas possui 2 milhões de pés de café, ele falou pra mim se eu ver se tem futuro era pra escrever pra ele, porque ele queria formar uma vacada também, mas eu achei que não tinha vantagem nenhuma e nem escrevi. Perdi tudo minhas terras, e voltei a nada pra cá. Isso foi em 84. O que eu quero ter era uma casa boa pra mim morar, e tudo, só isso. Não quero mais nada, já tô no fim da vida. O recado que eu deixo é que trabalhando honestamente e economizando que um dia consegue as coisas. Eu vou conseguir assim. Eu sou dos cinco conjunto, não admito que falem mal da família Belinati. Bueiro entupido aqui, no tempo dele era limpo a cada seis meses.”