Antes de iniciar a leitura, pare e pense na seguinte pergunta: Você conhece alguém que sofre ou já sofreu em algum momento da vida de depressão? A depressão é uma doença que dificulta um pouco o processo de busca por ajuda, justamente por deixar a pessoa praticamente incapacitada e sem vontade de agir e reagir. Mas tem cura!
Provavelmente você já ouviu alguém dizer que depressão é frescura, falta do que fazer ou de trabalhar. O que muita gente não sabe é que a depressão não é uma simples tristeza ou até mesmo preguiça de viver. Simplesmente dizer para um deprimido que ele tem que reagir não basta. Seria bom se fosse tão simples, não é mesmo? Acontece que há um desequilíbrio na química do cérebro, o que faz com que muitas vezes seja necessário o uso de medicamentos para reequilibrar e trazer o funcionamento normal dos neurotransmissores.
Entretanto, em alguns casos, somente a psicoterapia já é suficiente para ajudar a própria pessoa a restabelecer o equilíbrio. Cada caso é um caso! E precisa ser estudado levando em consideração diversos fatores, tais como genética, contexto em que a pessoa vive, gravidade e constância dos sintomas, entre outros fatores. É importante realizar exames para averiguar quaisquer desequilíbrios hormonais que também possam influenciar nas oscilações anormais do humor.
A depressão é uma doença séria que tem crescido exponencialmente no mundo inteiro. Muitas pessoas sequer sabem que estão sofrendo deste transtorno. Outras, ainda que saibam, temem ser julgadas e não procuram ajuda. Independentemente do que se passa com o ser humano que sofre de depressão, alguns sintomas são semelhantes, e em um contexto geral pode-se dar uma orientação para que essa pessoa busque ajuda para tratar de seu sofrimento. Lembrando que existe todo um contexto que a pessoa vive, traumas específicos, genética, enfim, são diversos fatores que dentro de uma psicoterapia faz com que o psicólogo trabalhe de forma individual.
Como ajudar uma pessoa que sofre de depressão?
- Desenvolva a empatia
O primeiro a fazer é desenvolver a empatia (isso se você já não a tem bem desenvolvida). Nunca saberemos o tamanho da dor que o outro sente, mas podemos nos silenciar em críticas e aprender a ouvir o que o outro tem a dizer. Devemos também aprender a dar o espaço que o outro necessita. Às vezes podemos ter o hábito de querer que o outro corresponda às nossas expectativas, mas nos esquecemos que cada um tem o seu tempo.
- Evite comparações:
Busque não comparar com outras pessoas que já sofreram de depressão ou até mesmo com pessoas que tem outros tipos de sofrimento.
- Evite determinados comentários
Jamais fale para uma pessoa que sofre de depressão que ela tem uma vida maravilhosa só porque ela tem uma casa, comida, amigos que a amam, emprego, etc. Uma pessoa que sofre de depressão não está ligada a fatores externos. Talvez nem ela mesma consiga entender porque não se sente feliz ou grata mesmo tendo tudo para suprir as suas necessidades básicas (ou muitas vezes até extrapolar). E quem disse que uma vida bem estruturada é sinônimo de felicidade e dotada de sentido? É preciso entender que estes fatores não definem uma vida feliz.
- Não faça cobranças nem diga que o outro está exagerando:
Não cobre mudanças, não pressione para que a pessoa reaja. Muitas vezes queremos ajudar e acabamos por piorar a situação, sufocando o outro. Se quer mesmo ajudar, estenda sua mão, pergunte o que a pessoa precisa e como você pode ajudá-la. Em alguns casos o próprio doente pode dizer que não quer ajuda, ou que a ajuda seria ter o fim de sua vida. Não permita julgamentos de que a pessoa está exagerando ou que está sendo dramática demais.
- Acolha, ainda que fique em silêncio:
Jamais bata de frente com uma pessoa que sofre de depressão. Tudo o que ela precisa é de ACOLHIMENTO, ainda que este acolhimento seja repleto de silêncio. Como eu já mencionei, cada pessoa é um universo complexo e diferente um do outro, portanto, não há regras específicas em como lidar com uma pessoa que tem esta doença.
- Seja sensível e cuide das palavras proferidas ao doente:
É preciso desenvolver sensibilidade para lidar com o sofrimento alheio, para saber as necessidades do outro e se há como ajudá-lo ou simplesmente encaminhá-lo a alguém que possa oferecer esta ajuda de modo mais eficaz, incentivá-lo a se tratar com um especialista.
Faz-se necessário cuidar das palavras, pois o deprimido vive intensamente em suas emoções. Por mais desgastante que seja, é importante vigiar as palavras, para que elas não acertem como flechas o coração doente.
- Conheça os gostos e convide para passear ao ar livre:
Quando possível, fazer passeios ao ar livre, frequentar praças ou parques, realizar caminhadas e fazer respirações profundas. Procure conhecer aquilo que o deprimido mais gosta de fazer, ou que ainda tem um resquício de vontade em praticar e possibilite essas vivências.
Pode ser que você seja a pessoa que vai conseguir mostrar ao indivíduo doente qual o estado ele se encontra e que é necessário buscar ajuda profissional. Faça isso com carinho!
O cuidador de um deprimido também precisa de cuidados, pois também não é uma carga fácil prestar este auxílio. Buscar distrações – ao ar livre de preferência – traz uma mutação das emoções e dos pensamentos, e pode aliviar muito os sintomas da depressão. Com esse zelo, demonstração de afeto, atenção e cuidado, aos pouquinhos os sintomas vão se modificando. A pessoa pode ir se livrando dos incômodos e isso é uma porta de entrada para a cura, não sendo a cura em si mesma. Buscar as raízes da depressão, seu entendimento e sua eliminação não competem a você, cuidador amigo ou familiar, e sim ao paciente e terapeuta que irá conduzi-lo nesta viagem interior, em busca da cura.
Cuidador, cuide-se também, e não deixe a ansiedade invadir o seu interior. A preocupação não é uma aliada em nenhum momento de nossas vidas. Ao invés de se “pré-ocupar” com o deprimido, ocupe-se em oferecer o que você tem de melhor, e não espere nada vindo da pessoa que sofre. Não espere gratidão, não espere reação, não tenha expectativas, simplesmente viva cada minuto de doação com amor, entrega e confiança que tudo vai ficar bem, sabendo que é um processo que sim, possui cura e final feliz. Se tudo isso for muito difícil pra você, talvez também precise de ajuda, afinal, todos nós precisamos ser cuidados.
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