Logo no início da sessão ordinária da próxima quinta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, um Ato Público será realizado na Câmara Municipal de Londrina com o objetivo de chamar a atenção para a violência contra a população feminina, problema social que no ano passado resultou na abertura de 168 inquéritos policiais para investigar supostos casos de feminicídio no Paraná.

Como forma de lembrar as mulheres vítimas de agressões sexuais, domésticas e familiares, os vereadores, a vereadora, os servidores e as servidoras vestirão roupas pretas. Além disso, está programado o depoimento de uma mulher que superou a situação de violência com o apoio da rede municipal de atendimento.

As manifestações são parte das ações programadas pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara para marcar o Dia Internacional da Mulher (8). A data foi instituída na década de 1970 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para relembrar as lutas sociais, políticas e econômicas da população feminina.

“Não há motivos para comemoração, não está tudo bem. Tanto que solicitamos a todos que venham de preto, em referência às mulheres mortas e pela luta travada e não conquistada. Não haverá rosa, pois não estamos em um mar de rosas”, afirma a vereadora Daniele Ziober (PP), presidente da comissão. Além dela, integram o grupo os vereadores Pastor Gerson Araújo (PSDB) e Felipe Prochet (PSD).

Depoimento – Vítima de cárcere privado e tentativa de feminicídio, Jéssica (nome fictício) foi convidada a compartilhar sua história durante a sessão ordinária do próximo dia 7. Ela conta que só não foi morta pelo então companheiro e pai de seus dois filhos porque conseguiu fugir e foi acolhida pela Casa Abrigo de Londrina.

Na época em que as agressões começaram, Jéssica tinha um filho de aproximadamente um ano e descobriu que esperava o segundo. Durante 32 dias permaneceu trancada em casa pelo marido, que não aceitava o fato de a mulher estar novamente grávida no momento em que o filho mais velho enfrentava problemas de saúde. “Meu marido me mantinha em casa amarrada e o meu filho ficava no outro quarto sozinho, chorando, o que piorou o estado dele. Meu marido tentou me matar com um facão, mas eu fugi e pedi ajuda no Centro de Referência de Assistência Social (Cras)”, conta.

Em seu depoimento, Jessica vai contar como conseguiu um trabalho e recomeçou sua vida, ainda que carregando as marcas do que viveu. “Cada dia na mão do agressor parece 1 ano. Hoje, olhando para trás, parece que eu sofri por 10 anos”.

Programação

As iniciativas da Câmara em alusão ao Dia Internacional da Mulher terão continuidade no sábado (9), às 9 horas,  com a realização de uma reunião pública que debaterá os avanços e desafios da rede municipal no enfrentamento à violência de gênero. O encontro, realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres e incluído na programação da 27ª Semana Municipal da Mulher, será na sala de sessões do Legislativo, com transmissão online pelo canal do Legislativo no Youtube.

Foram convidados a participar dos dois eventos no Legislativo a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Nádia Oliveira de Moura, e representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher; da Patrulha Maria da Penha; da Delegacia da Mulher; da Vara Maria da Penha; de movimentos sociais de mulheres; de associações; da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Londrina), da BPW/Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), de universidades, entre outros. O evento é aberto à participação da comunidade.

Texto: JORNALISMO/ASCOM

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